HISTORIETA SOBRE DEUSES
Eu estava muito cansado naquele dia, tinha havido
muitas atividades estressantes durante o dia todo e parte da noite também.
Sentei-me em minha poltrona predileta para assistir um
filme antigo, romântico tipo “água com açúcar”, pois queria relaxar...
...dei uma cochilada e abri os olhos... “Surpresa”! ,
eu não estava na minha poltrona, mas num banco de mármore ricamente entalhado e
polido, ao redor havia um jardim magnífico, todo florido com plantas que eu
jamais imaginei que existiriam. Um Éden? Não! Mais que isso, era a morada dos deuses!
Parecia o Olimpo, pelos motivos greco-romanos visíveis em toda parte.
Eu podia vislumbrar ao longe sobre um monte verdejante
um majestoso Palácio de Mármore incrustado de filigranas douradas, faiscando
sob uma luz estranha, porque não havia sol, no entanto toda natureza ao redor
estava intensamente iluminada. Pássaros multicoloridos esvoaçavam pelo jardim
piando e entoando melodias maravilhosas. Levantei-me apressadamente tentando
entender o que estava se passando. Tinha
sido transportado para outra dimensão, ou era mesmo um sonho? Mas tudo era tão
real e palpável, eu podia sentir o aroma das flores e a brisa suave em meu
rosto. Eu me sentia tão bem que achei que havia morrido e que estava entrando
no Paraíso. Estremeci sob este pensamento, pois não pretendia deixar este mundo
tão cedo. Havia ainda muito o que fazer para me dar o luxo de “desertar” e
ainda por cima quando a vida é muito boa.
Ouvi então atrás de mim uma cantiga de vozes suaves
femininas, me voltei e não pude acreditar no que via: “Mulheres maravilhosas”,
todas usando roupas claras, semitransparentes e esvoaçantes, dançando e
cantando em rodas numa clareira, ao som de liras e flautas executadas por
sátiros, e criaturas que eu bem conhecia das histórias que lera quando menino e
sonhador. Fiquei
estático apreciando aquele espetáculo único, sendo o único expectador procurei
tirar o maior proveito possível do prazer que isto me proporcionava. Em um dado
momento uma das moças, vestida de azul celeste, se aproxima de mim com uma flor
multicor muito perfumada nas mãos brancas e delicadas e me oferece com um lindo
sorriso no rosto, dizendo-me algumas palavras que não pude entender. É claro
que aceitei e retribui o sorriso. Ela fez uma pequena reverência e voltou ao
grupo. Mesmo que eu entendesse suas palavras eu não teria palavras como
resposta, pois eu estava em êxtase.
Antes que eu me recuperasse, uma voz masculina,
possante e dominadora fez-se ouvir, vindo não sei de onde, parecia vir de todas
as direções. Falava uma língua estranha, mas muito melodiosa apesar de severa.
Entendi que chamava atenção das moças que pararam a dança e a cantoria paralisadas
e pálidas, fazendo com que os “músicos” debandassem em acelerada correria.
Tentei ver quem falava, mas não era possível, parece
que somente as moças e os outros seres é que o viam. Eu podia sentir esta
presença dominante, mas não o via.
Estremeci e acreditei que eu tivesse assistido uma
cena que era proibida aos mortais, daí a admoestação às moças e talvez a mim
mesmo. Esperei o pior, imaginando o castigo que me seria impingido...
Entretanto a entonação da voz mudou e eu podia
entender o que ele me dizia, muito embora continuasse sem poder vê-lo:
-Você foi um privilegiado por ter presenciado esta
dança proibida aos mortais que remonta há incontáveis séculos no passado, ela
trata-se de um “Ritual de Adoração à Divindade” que é executado por semideusas.
No entanto, já que você a presenciou só se recordará dele como se fosse um
sonho, mas eu lhe garanto que não foi.
Pode contar a quem quiser, pois vão achar que você
delirou ou que é um louco...
Então senti a cabeça a girar cada vez mais célere, e
vi-me a despencar num abismo sem fundo. A queda parecia não ter mais fim.
Durava uma eternidade enquanto eu esperava o impacto final...
Aconteceu o impacto contra o chão da minha sala. Abri
os olhos e me vi deitado no assoalho ao lado da poltrona.
Exclamei: - Puxa que sonho legal! Espera! O Que faz
esta flor na minha mão?
José Carlos
Caetano
Oficina de
Leitura-UNATI-UNESP
Marília 05 de
novembro de 2012
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