sábado, 19 de setembro de 2009

O Homem Globalizado versus o Homem Universal

O artigo abaixo foi escrito pelo meu irmão Geraldo muito antes de acontecer a crise mundial e me entregue hoje. Publico-o com a permissão dele.


O Homem globalizado versus o Homem Universal

Estamos vivendo o período da história da humanidade a que se convencionou chamar de era tecnológica.
É a fase da história que se caracteriza pela rapidez da informação em todos os setores da vida humana. Uma empresa ou uma pessoa não tem mais barreira física para se comunicar com outras pessoas ou empresas. Isto é uma maravilha do espírito empreendedor humano! Será?
Em princípio é uma verdade, mas na prática nem tanto, pois o volume de informações a que temos acesso é tão grande que necessitamos ter um filtro para não nos envolvermos em assuntos inúteis e mesmo os úteis desnecessários. O ser humano tem um ritmo lento para absorver conhecimentos e toda informação em excesso, e, em alta velocidade causa mais dano que benefício.
O excesso de produtos tecnológicos lançados não nos permite desfrutar com sabedoria dos mesmos, o que nos traz angústia, frustração e ao mesmo tempo uma sensação de impotência diante do mundo globalizado. Um produto qualquer lançado em janeiro já é obsoleto em dezembro. As pessoas que querem estar na moda não percebem que este é um buraco negro do qual não se pode mais escapar, a menos que se tome uma atitude madura diante do mundo e se tome uma decisão radical de não se deixar escravizar. Compra-se um computador de última geração com um dinheiro que não se tem para executar um trabalho que não tem aplicação na vida quotidiana, mas que deverá ser trocado por outro computador no ano que vem, pois estará defasado para executar um trabalho que não se sabe qual será. Que diabo de sociedade da informação é esta ?
Não defendo a idéia do niilismo existencial, nem do bucolismo sentimental., mas acho que está na hora das pessoas ajuizadas darem um basta nesta euforia estúpida que leva muita gente ao desespero por não poderem acompanhar o que outras milhões de pessoas criam e fabricam pelo mundo afora.
Necessitamos nos tornar Homem Universal, isto é, estarmos solidários com as outras pessoas que sofrem pelo mundo afora e que não conseguiram romper as barreiras da miséria, bem como, estarmos em sintonia com os que nos ultrapassaram na evolução das virtudes humanas, principalmente a solidariedade. Aí está a diferença entre o Universal e o Globalizado, pois enquanto as pessoas do primeiro grupo se preocupam em crescer espiritualmente as pessoas do segundo grupo pensam somente em desfrutar das vantagens que um mundo próspero pode lhes trazer. O mundo próspero globalizado traz benefícios imensos para quem já é próspero e mais pobreza para quem sofre carências. Por quê as coisas se dão desta maneira? A resposta teórica é muito simples, mas a resposta prática é difícil de se dar. Uma tentativa de responder a uma e a outra questão:
Na teoria, pode se dizer que o mercado mundial é ilimitado, e que, qualquer coisa que se produzir poderá servir a uma pessoa em qualquer lugar do mundo, gerando satisfação de necessidade pessoal para uma, e, renda para a outra. O mercado é isso mesmo: a necessidade de bens e serviços de uns versus a capacidade de produção de outros. Mas a distorção está na necessidade que é criada artificialmente pelos meios de comunicação monopolizados.Abra o seu e-mail e veja quanta bobagem estão lhe oferecendo. É remédio para impotência e frigidez...é livro de auto-ajuda que fará você ganhar uma fortuna com algumas palavras mágicas quando ditas na hora certa...abracadabra !...e mais computadores e softwares também mágicos...Escolas bilíngües para criancinhas a partir dos dois aninhos (as crianças tem mesmo muita necessidade de aprender a fazer cocô e xixi ... em Inglês), e por aí vai...Não existem pessoas mais exóticas e dignas de compaixão do que os famosos yuppies...Tudo o que é novidade eles tem que comprar.. não pela necessidade e sim para mostrar que podem comprar. Parece-me que lhes falta algo que os antigos chamavam de alma.

Na prática, o mercado não resolve nada. Até governantes que se elegeram com a boa intenção de combater as desigualdades através da criação de emprego e renda não conseguem dominar o dito mercado, que é em primeiro lugar abstrato, e está longe da capacidade de abstração de pessoas que nunca administraram um simples botequim de esquina da periferia da favela do arrabalde da vila. A realidade é cruel para quem não foi preparado para resolver situações reais.
A única coisa que pode resolver a situação das desigualdades é a educação ...não a educação como instituição, mas a educação como um processo contínuo de ações e reações do mundo Universal e não a do mundo Globalizado.
Em palavras mais simples pode se dizer que a diferença prática entre o Homem Universal e o Homem Globalizado, é que o primeiro foi corretamente educado e o segundo foi apenas adestrado para sobreviver na sociedade tecnológica da informação.

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